Desafios da Gestão em uma Empresa Familiar: entenda

Os desafios da gestão em uma empresa familiar podem ser bem distintos daqueles enfrentados em empresas tradicionais. A necessidade de lidar com laços de parentesco e valores familiares pode dificultar a mediação de conflitos e gerar um dilema entre os interesses pessoais e os objetivos do negócio.

A seguir, entenda melhor como esses fatores influenciam os rumos do negócio e como corrigir as falhas mais comuns em uma organização familiar. Saiba quais são os tipos de empresa familiar e quais seus erros mais frequentes

Quais são os tipos de empresa familiar?

Existem três tipos principais de empresas familiares: tradicionais, híbridas e de influência familiar. Abaixo estão as diferenças entre cada uma dessas categorias:

Empresas familiares tradicionais

Esse é o tipo mais comum, em que a propriedade e o controle são mantidos dentro da família. A gestão de uma empresa familiar tende a ser altamente centralizada e as relações são fortemente baseadas nos laços familiares.

Empresas familiares híbridas

Uma empresa familiar híbrida combina a propriedade e o controle da família com a presença de acionistas externos. Nesse caso, as tomadas de decisão são menos centralizadas e há um certo grau de participação de executivos não familiares. Contudo, as relações podem se tornar ainda mais complexas, pois é necessário conciliar múltiplos interesses.

Empresas de influência familiar

Nesse formato, a família não tem a propriedade ou o controle majoritário. Mesmo assim, ela ainda tem certo peso nas atividades de gestão, por mais que elas sejam feitas por executivos não familiares.

Como é a cultura organizacional em empresas familiares?

A cultura organizacional em empresas familiares costuma ter características bem peculiares, as quais podem ser mais ou menos presentes de acordo com a forma como o negócio é gerenciado.

Obviamente, é comum observarmos uma mistura entre a dinâmica familiar e a dinâmica profissional. Portanto, a noção de lealdade e compromisso com os parentes é muito forte. Além disso, também existe um senso valorização das tradições e da história da empresa. 

É claro que tais fatores têm seus benefícios, mas eles também podem causar muitos conflitos em determinadas situações, especialmente no que se refere à tomada de decisão em momentos críticos. 

Outro ponto problemático é o foco excessivo em manter o controle da organização dentro da família. Em determinados contextos, isso pode até travar o crescimento do negócio e colocar seu futuro em risco.

Quais são os principais desafios da gestão em uma empresa familiar?

Pelo que explicamos acima, percebe-se que a gestão familiar pode ser tanto uma fonte de força quanto de fraqueza. Dentro desse contexto, os desafios dizem respeito a uma série de questões práticas:

1. Gestão de pessoas

Nem sempre as pessoas de confiança são as mais preparadas para cuidar de determinada área. Mesmo assim, pode haver uma forte resistência em contratar profissionais do mercado, de fora do círculo familiar. 

Outro problema se refere ao modelo de contratação. Muitas empresas familiares contam com parentes nas mais variadas funções sem a devida formalização ou mesmo um pró-labore definido, o que pode resultar em insegurança jurídica.

2. Relação com fornecedores

Exceto em situações bem específicas, não há nada ilegal em ter familiares como fornecedores. Os problemas começam quando os objetivos de negócio são deixados de lado para evitar um conflito com essas pessoas.

Em muitos casos, as empresas passam a privilegiar as relações pessoais em detrimento da proposta de um fornecedor. Outra falha comum é não firmar um contrato e ficar apenas no acordo verbal. 

3. Controle do fluxo de caixa

Sem dúvida um dos maiores desafios da administração familiar é o controle financeiro, principalmente no que diz respeito à separação entre as contas pessoais e as finanças da empresa. 

Para começar, como em qualquer empresa, é necessário definir salários para os membros da família. Porém, especialmente em pequenas empresas, o fluxo de caixa costuma ser bastante desorganizado e sem projeções.

4. Conflitos no quadro societário

Os conflitos entre os sócios são bastante comuns em empresas familiares porque todos se veem como donos. Em casos extremos, um ou mais sócios decidem vender sua participação, forçando uma reorganização societária que pode ser estressante e demorada. 

Por isso, é importante ter diretrizes muito bem definidas e a figura de um líder precisa ser mantida. Também é indispensável entender bem a diferença entre os sócios-administradores e os sócios-quotistas.

5. Plano de sucessão

De acordo com o Sebrae, mais de 70% dos negócios familiares não sobrevivem à segunda geração de gestores. Muitas vezes isso acontece pela falta de identificação dos herdeiros com a empresa.

Assim, o primeiro ponto a se considerar é o real interesse dos sucessores. A partir daí, é importante traçar um plano de sucessão que envolva o preparo deles em termos técnicos e gerenciais.

Na impossibilidade de o fundador seguir à frente e da falta de sucessores preparados ou interessados, uma alternativa é a contratação de gestores especializados. Cria-se, então, um conselho consultivo do qual os membros da família fazem parte.

6. Falta de comprometimento

Os vínculos sanguíneos pressupõem uma relação de confiança e elevam as expectativas em relação ao empenho e envolvimento do profissional com a empresa. Porém, a sensação de segurança de quem não corre risco de perder o emprego cria uma perigosa zona de conforto. 

Para assegurar que os membros executivos levem a administração a sério, a solução é estabelecer um regulamento empresarial com limites claros e ser imparcial no tratamento de eventual desrespeito às regras.

Quais são os erros mais frequentes na gestão de uma empresa familiar?

Para superar os desafios da gestão de uma empresa familiar, o primeiro passo é identificar a origem dos problemas e encontrar soluções adequadas. Os erros mais frequentes nesse tipo de negócio são:

Baixo nível de profissionalização

Quando a gestão não tem um nível adequado de profissionalização, a distribuição de funções e responsabilidades fica muito confusa. A consequência disso aparece na falta de processos e políticas formais.

Com o tempo, surgem também as diferenças de opinião entre os gestores. A falta de uma comunicação efetiva acaba enfraquecendo o planejamento estratégico e a tomada de decisões.

Portanto, é fundamental entender que o negócio compete com empresas não familiares e precisa seguir diretrizes profissionais. O ideal é se aproximar o máximo possível de uma organização comum.

Contabilidade desorganizada

A dificuldade para separar o dinheiro da família e da empresa pode ser fatal para o negócio, pois dificulta o controle dos custos e limita a capacidade de investir em crescimento e expansão. 

Nos casos mais graves, há problemas de liquidez e dificuldades para pagar fornecedores e funcionários. Há ainda o risco elevado de problemas legais e fiscais, que podem resultar em multas, penalidades e perda de reputação. 

Todos esses pontos resultam em dificuldades para obter financiamento externo, pois os credores passam a questionar a capacidade da empresa para gerenciar suas finanças.

O ideal é formalizar a empresa e ter contas bancárias específicas para realizar as operações do negócio. Além disso, deve-se implementar uma estrutura de compliance fiscal que facilite a prestação de contas.

Falta de assessoria jurídica

A ausência de acompanhamento especializado para as questões jurídicas pode levar a problemas estruturais, como falta de clareza na propriedade e responsabilidade. Como consequência, o processo de sucessão fica mais complexo e a empresa fica mais exposta a conflitos de interesses.

A insegurança nesses aspectos torna as negociações de contratos mais difíceis e pode causar até problemas fiscais. Por isso, é importante contratar profissionais especializados em diagnóstico fiscal e análise de contratos para se prevenir de eventuais riscos.

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